Apesar do público reduzido devido às fortes chuvas registradas no início da noite, em Campina Grande, a Sessão Especial sobre os 60 anos do golpe militar de 1964, realizada na Câmara de Vereadores, nesta segunda-feira, 01, atingiu seus objetivos, segundo a avaliação do vereador Napoleão Maracajá.
Autor da propositura, Maracajá afirmou que a sessão teve uma audiência “muito qualificada”, referindo -se ao público presente, composto por estudantes e professores, militantes de partidos políticos e movimentos sociais.
Fizeram uso da tribuna, na condição de palestrantes, a professora Anita Leocádia, da UFPB, e os professores Luciano Mendonça e Luciano Queiróz, ambos do Departamento de História da UFCG.
Todas as reflexões seguiram o eixo compreendido entre o contexto histórico de construção das condições favoráveis à implantação da ditadura, as variadas formas de dominação violenta sobre o conjunto da população e os reflexos do regime nos dias atuais.
O ponto alto da noite foi o comovente relato da professora Anita sobre a noite em que seu pai, o ex-sindicalista e ex-vereador Peba (José Peba Pereira dos Santos), foi levado de dentro da sua casa por agentes da repressão.
Às lágrimas, Anita relembrou o desespero que a fez, ainda criança, sair à frente da sua casa gritando por socorro. Mais tarde veio a saber pelo próprio pai, que os seus gritos salvaram-lhe a vida, pelo fato de que os torturadores adotavam a tática do silêncio pleno nos sequestros, para que os mortos fossem dados apenas como desaparecidos.
Além Napoleão Maracajá, participou também a vereadora Jô Oliveira, que secretariou os trabalhos. Foram enviados durante a sessão inúmeras justificativas de ausência, sendo a maioria devido ao temporal havido na cidade, nos momentos que antecederam e durante o evento.
Além da sessão especial houve um ato público à tarde, no Calçadão da rua Cardoso Vieira, Centro, em repúdio aos 60 anos do golpe de 1964, organizado por partidos, sindicatos e movimentos sociais.