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Investigação aponta mensagens e depósitos como indícios de propina para Buega e diretores da Fiep

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Deflagrada em 2020, a Operação Cifrão vasculhou licitações e contratos de obras realizadas pelo Sistema S na Paraíba. As investigações apuram superfaturamento, ligações entre as empresas contratadas e dirigentes da Fiep e pagamento de propina.

O material apreendido durante as buscas da Polícia Federal passou por uma análise criteriosa dos investigadores. Computadores, aparelhos celulares e documentos foram vistoriados.

Apenas semanas atrás foram concluídas as análises.

Constam na investigação mensagens de textos no whatsApp e o acompanhamento do caminho percorrido pelo dinheiro pago à três empresas contratadas para execução dos serviços: a LPM Construção de Edifício Ltda, Roma Construção e a Construtora Absolute Eireli – ME.

E algo chamou a atenção. Parte dos recursos pagos às empresas pode ter ido parar nas contas de diretores do Sistema S, como o tesoureiro Marcone Tarradt e o presidente da Fiep, Buega Gadelha.

No caso de Buega, a investigação elenca depósitos feitos por Alaor Fiúza, ligado à empresa Roma Construção. O montante totalizou mais de R$ 100 mil.

Em uma das conversas ocorrida através de um aplicativo de mensagens, a então chefe de Gabinete de Buega Gadelha, Chênia Camelo, teria questionado Alaor Fiúza sobre os valores repassados.

Transcrição da conversa:

“nada disso, o valor foi maior, mas eu vou pegar os valor dos cheque certinho e te falo”

“dos 15% era pra ser, era pra ser 59, 908 e 88, 89 centavos”.

“o recibo te entrega aí ou entrega lá na, na, na tesouraria, como é que você quer que faça?”.

“Deu, é porque ele pensava que o de 300 era 399, ai dava 75 mil, entendeu? Aí tinha dito pra mim pa pegar 60, ficava a diferença, mas ai quando tu mostrou aqui deu certo”.

Outro diálogo

Já em uma outra conversa, no dia 30 de agosto de 2017, Marcos Otoniel e Alaor Fiúza demonstram descontentamento com Buega Gadelha. Segundo a investigação, eles teriam passado a ser pressionados pela Diretoria da Fiep para manter o pagamento de propina nos mesmos percentuais de quinze por cento sobre os valores das medições.

Transcrição da conversa:

“eu tô gastando, mas com uma pena, porque só vamo receber isso lá pra novembro sabe, pelo menos resolve né! Não fica, e tem a questão do depósito que a gente tem que receber, senão vão querer descontar alguma coisa, caso a CGU mande, entendeu! É melhor aparar dessa forma”.

“é, eu espero que resolva, se receba, e lá no final o pai GADELHA não queira dá uma de bonitão e querer achar que o problema foi com a gente e tirar, agora é bom pra ele ir comendo as fome em cima das coisas porque desse jeito ai, é como todo político, inviabiliza qualquer coisa”.

“tem que saber que o mundo tá mudando, né! O mundo tá mudando, a forma de trabalhar tem que mudar também, né. As mesmas margens já não se consegue, mas tem que ir se adaptando”.

“o que eu vivo falando, se os político não mudar e cair, cair digamos assim de 15 pra 5, pra 7, negócio que não machuca ninguém e dá pra coisa ser executada, beleza. Agora ficar com aquelas mãos loucas igual tá ai, isso não vai acabar não. O problema é que o gasto dele tá baseado no faturamento do passado, entendeu! Agora, sobre, se ele vai fazer a obra lá de SOUSA, o que for, e tudo mais, uma hora a FIEP, tanto chegar, uma hora isso ai cai e eu vou lhe dizer um negócio pra você, pra mim hoje eu só converso com um homem desse hoje gravando, porque se amanhã ele quiser colocar no cú da gente a gente coloca no cú dele muito antes, entendeu! Eu acho que toda vez que você for conversar com ele, eu acho que você deve botar um gravador, não é porque virou moda não, não gosto de fazer isso, não apoio isso, mas infelizmente pra ele botar no cú da pessoa e ele não ter nenhuma digital dele, perai meu amigo”.

Os contratos investigados na Operação Cifrão

Três contratos foram alvos dos investigadores: um de R$ 1,4 milhão, no qual teria havido um superfaturamento de R$ 291 mil, conforme a CGU; um outro de R$ 2,8 milhões, com superfaturamento estimado em R$ 1,2 milhão pelos investigadores; e um terceiro, de 3,7 milhões, no qual a CGU acredita ter encontrado indícios de superfaturamento de R$ 490 mil.

No caso da LPM Construção de Edifício Ltda o empreendimento foi contratado por R$ 1,4 milhão e tinha em seu quadro societário, naquela época, Marconi Wanderley, Laudemiro de Souza Barros e Francisco de Paula Abrantes de Oliveira.

Segundo os investigadores, Marconi é cunhado do atual tesoureiro da Fiep, o empresário Marcone Tarradt. Já Laudemiro é genro do tesoureiro.

Durante as investigações, identificou-se com a quebra do sigilo bancário da empresa que foi movimentado mais de 656 mil reais da empresa para duas gráficas: a Multi Gráfica e Center Gráfica. Esta última de propriedade do filho do tesoureiro da Fiep, Marcone Tarradt Rocha.

Outro lado

O Blog procurou a assessoria jurídica do Sistema S para falar sobre o tema. As ligações não foram atendidas, nem as mensagens respondidas. O presidente Buega Gadelha, o tesoureiro Marcone Tarradt e os demais citados na matéria não foram localizados.

O espaço, claro, estará sempre aberto.

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